quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Derrubou os poderosos e exaltou os humildes
Se esta frase estivesse escrita em qualquer livro de teologia poderia ser acusada de expressar alguma ideologia de esquerda. O fato é que é parte integrante do cântico de Maria. Está na Bíblia. E não é uma frase isolada, pois antes disso já se disse que Deus age com um braço forte, dispersando os orgulhosos, e depois dela se dirá que Deus dispersa os ricos de mãos vazias. É a subversão dos pobres de Javé que têm como última esperança o poder invencível de Deus.
Na Bíblia, essa afirmação aparece várias vezes. Confira, por exemplo, o capítulo 12 do livro de Jó: "Deus lança por terra os poderes estabelecidos". O Cântico de Ana, onde certamente Maria inspirou seu Magnificat, é mais explícito ainda: "O arco dos poderosos é quebrado, os debilitados são ungidos de força" (1 Sm 2, 4). Deus ama os pobres com a mesma preferência com que a mãe ama (e cuida) do filho doente. Aparentemente ela até esquece dos outros filhos sadios. É que seu olhar se volta para aquele filho que precisa de seus cuidados. Coisas que somente o coração de mãe entende. A Igreja é mãe. Por isso precisa fazer a opção preferencial pelos pobres, aflitos, doentes, pecadores, excluídos. Sua missão é ser "sacramento universal de salvação", ou seja, "sinal da íntima comunhão com Deus e dos homens entre si". Salvação é comunhão. A Igreja anuncia a salvação, quando combate tudo o que vai contra a comunhão, quando anuncia o amor, a paz, a solidariedade. Portanto, lutar contra toda forma de exclusão é parte da missão salvífica da Igreja. Não era esse o grande sonho de Jesus: Que todos sejam um?
Vivemos em uma sociedade de mil conflitos. A Igreja quer ser sinal de comunhão, de solidariedade. Mas não põe "panos quentes". É preciso tomar o partido dos mais fracos. Havia uma época em que se fazia uma operação preferencial pelos ricos, pelas elites, pensando que depois de formados em colégios católicos eles lutariam pelos pobres. Ledo engano. Qunatos políticos corruptos que aí estão foram nossos alunos?
Desde o Vaticano II e, na América Latina, a partir da Conferência de Medellín, em 1968, os bispos proclamaram a opção preferencial pelos pobres. Não é uma invenção nova. É assumir a opção de Deus. É entender a opção de Jesus, que não nasceu na capital, mas escolheu a periferia da periferia. Nasceu pobre entre os pobres. É preciso ter olhos de fé para ver no Profeta de Nazaré, o Filho de Deus. Seus parentes tiveram dificuldade. Maria entendia tudo, guardando cada fato no coração. A cada milagre, a cada pregação, a cada passo rumo à Cruz, e depois da Ressurreição, ela certamente cantarolava em silêncio: "Derrubou os poderosos de seu trono e exaltou os humildes".
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